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Seminário “Um quilombo de explosões literárias: vozes acadêmicas em     diferentes tons” em “Literatura Afro-Brasileira: Representações Identitárias e Circulação Em Redes”, no período de 07 a 09 de outubro de 2019, totalizando 15 horas.

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Primeiro dia - 07/10/2019 -Tema: “A insustentável leveza da identidade da mulher afro-brasileira”

A questão da identidade da mulher preta segundo o viés de escritoras negras acadêmicas propaga-se. Como as escritoras se veem e como elas expõem o ideário delas no discurso literário. Ora, isso é justificado pelo fato de o signo linguístico no discurso literário não se constituir apenas de uma união entre um termo e uma ideia, mas ponto de partida para um sistema de significação e de valores eclodidos por fixação de ideias e/ou experiências da escritora. Os estigmas e estereótipos, envolvendo gênero e raça, são discutidos na atualidade sob a égide de construções sociológicas, evoluídas por forças de trabalho e necessidades de preenchimento das lacunas culturais e sociais. A mulher, independente da raça, apenas obteve espaço social e liberdade de expressão há menos de um século, graças a uma árdua luta contra o patriarcalismo reinante. Mesmo assim, é possível encontrar inúmeras arestas não aparadas igualitariamente visando à equidade nos gêneros. A raça negra, por sua vez, ainda se encontra na busca do espaço e do valor dela, enquanto ser humano. A mulher negra ainda se encontra subjugada a preconceitos transferidos pela história oral e discurso literário brasileiros. Nessa mescla de sentimentos e experiências vivenciadas é construído o discurso literário da mulher acadêmica afro-brasileira, emergindo conteúdos de peculiaridades únicas, coloridas pelo sofrimento, pela busca de reconhecimento e valor na sociedade democrática – sem raça, sem cor, sem credo, sem classes e sem preconceitos.

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Segundo dia - 08/10/2019 - Tema: “Caminhando e escrevendo ... Somos todos iguais ... Braços dados ou não

O ativismo na esfera literária e o uso da escrita como arma contra o preconceito e a desigualdade social. Graças ao preconceito, o discurso literário da escritora negra é escasso. Quando a produção literária possui essência de militância, expondo a verdade do racismo velado brasileiro, as barreiras para a publicação se tornam épicas. Não há interesse da classe dominante em levantes, buscando a justiça equitativa e a igualdade de direitos para as minorias, sejam estas de caráter racial, gênero e/ou classe. A luta de militantes, ao longo da história da humanidade, é responsável pela evolução dos direitos humanos. Cada soldado, nessa guerra, utiliza as armas que possui. Para Cidinha da Silva, a sua produção textual é a melhor arma nessa guerra contra o racismo. A produção militante na literatura afro-brasileira é mais que direta. As escritoras expõem sem vacilos ou panos quentes a dura realidade do preconceito sentida na própria pele.

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Terceiro dia - 09/10/2019 - Tema: “O papel usado como espelho biográfico

A escrevivência usada como material para a produção literária das escritoras acadêmicas afro-brasileiras. A produção literária das escritoras negras comumente expressa a visão de mundo delas, experiências vivenciadas e em dado momento o texto é colorido com uma ideia, um ideal, uma causa, batalhando em prol não de si mesmo, mas sim, de uma coletividade, tornando-se uma voz no meio do silêncio da injustiça social. E assim, conclama entre toda a sociedade militantes a fim de destruir os paradigmas deixados para trás pelos colonialistas europeus. A escrevivência, termo cunhado por Conceição Evaristo, expressa exatamente essa característica do discurso literário da escritora afro-brasileira. “A nossa “escrevivência” conta as nossas histórias a partir de nossas perspectivas. É uma escrita que se dá colada à nossa vivência, seja particular ou coletiva, justamente para acordar os da Casa Grande.” Neste dia, pretende-se compreender como essa “escrevivência” venceu paradigmas sociais em diferentes épocas, tornando mais consciente a visão do negro como “ser humano”.