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LITERATURA NEGRA
BRASILEIRA

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QUEM SOMOS


Este site foi desenvolvido durante as pesquisas, na Universidade Estadual de Londrina (UEL), para o Estágio Pós-Doutoral: “Literatura Afro-Brasileira: Representações Identitárias e Circulação em Redes”.

O objetivo é divulgar a produção literária das pesquisadoras, escritoras e poetas afro-brasileiras e elucidar a importância do reconhecimento da identidade negra na literatura brasileira tanto para a Academia das Letras como para a sociedade em geral. E, acima de tudo, homenageá-las. Não era sem tempo!

A produção eletrônica em questão contém material biográfico, artigos, poesias, contos, diálogos entre pesquisas, projetos pedagógicos, textos de colaboradores que se debruçam sobre esse tema, além de muitas outras curiosidades.

Doutora Sueli de Jesus Monteiro

Possui Graduação em Letras pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Mestrado em Literatura Brasileira pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Doutorado em Teoria Literária, na área de Literatura Brasileira pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Concluiu o primeiro Estágio Pós-Doutoral na Universidade Estadual de Londrina (UEL) em Literatura Brasileira, com “A geografia literária de Dalton Trevisan, traçada pela crítica que a ele se dedicou” e o segundo em “Literatura Afro-Brasileira: Representações Identitárias e Circulação em Redes” nessa mesma Universidade (UEL). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Brasileira, atuando, principalmente, nos seguintes temas: crítica literária contemporaníssima, com destaque para o envolvimento desta com a poética afro-brasileira e com a produção de Dalton Trevisan. Outras áreas de interesse: textos, contextos e tessitura poética.

Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/4611950069560626

ID Lattes4611950069560626

E-mail: suelijmliteraturabrasileira@gmail.com

Doutora Maria Carolina de Godoy

Possui graduação em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1998), mestrado em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2002), doutorado em Estudos Literários pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2007) e pós-doutorado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2012). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Estudos Literários, atuando principalmente nos seguintes temas: literatura brasileira, literatura afro-brasileira, difusão digital de obras literárias, redes e literatura infanto-juvenil. É pesquisadora visitante do PACC - Programa Avançado de Cultura Contemporânea da UFRJ desde 2012. Participa do GT de Literatura Oral e Popular da ANPOLL.

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 Professora adjunta da Universidade Estadual de Londrina no Departamento de Letras Vernáculas e Clássicas e líder do diretório de pesquisa do CNPq "Literatura afro-brasileira e sua divulgação em rede".

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CULTAS E BELAS


Neste espaço (em constante recepção), são apresentadas algumas das muitas escritoras afro-brasileiras e, certamente, outras ainda aqui serão elencadas.

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Doutora em Letras (Literatura Comparada) - UFF Universidade Federal Fluminense (2011). Mestre em Letras - PUC Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1996). Graduada em Letras - Universidade Federal do Rio de Janeiro (1990). Atua nas áreas de Literatura e Educação, com ênfase, em gênero e etnia. Assessora e consultora em assuntos afro-brasileiros para pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Poetisa, romancista e ensaísta. Publicou seu primeiro poema em 1990, no décimo terceiro volume dos Cadernos Negros, editado pelo grupo Quilombhoje de São Paulo. Desde então, publicou diversos poemas e contos nos Cadernos, além de uma coletânea de poemas e dois romances.

O que eu tenho pontuado é isso: é o direito da escrita e da leitura que o povo pede, que o povo demanda. É um direito de qualquer um, escrevendo ou não segundo as normas cultas da língua. É um direito que as pessoas também querem exercer. Então Carolina Maria de Jesus não tinha nenhuma dificuldade de dizer, de se afirmar como escritora. (…) E quando mulheres do povo como Carolina, como minha mãe, como eu, nos dispomos a escrever, eu acho que a gente está rompendo com o lugar que normalmente nos é reservado, né? A mulher negra, ela pode cantar, ela pode dançar, ela pode cozinhar, ela pode se prostituir, mas escrever, não, escrever é uma coisa… é um exercício que a elite julga que só ela tem esse direito. (…) Então eu gosto de dizer isso: escrever, o exercício da escrita, é um direito que todo mundo tem. Como o exercício da leitura, como o exercício do prazer, como ter uma casa, como ter a comida (…). A literatura feita pelas pessoas do povo, ela rompe com o lugar pré-determinado. (grifo nosso)

Conceição Evaristo concebe a função da literatura afro brasileira como um instrumento que “revela a face de um povo, de nós brasileiros, face tal qual nós acreditamos que ela é, e não pela maneira como o branco sempre nos revelou.” No poema Vozes –Mulheres, a poeta põe em trânsito as vozes femininas que a antecederam e que frente à passagem do tempo e das vicissitudes de suas existências, ainda ecoam como esperança de liberdade. (TERRA ROXA, 2013)

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Maria Firmino dos Reis (1825-1917), maranhense afrodescendente bastarda, nasceu em pleno período colonial e escravagista e, de forma surpreendente aos 34 anos, consegue escrever e publicar o romance Úrsula, considerado o primeiro romance abolicionista. Além disso, tem-se a primeira publicação de um texto literário escrito por uma mulher.

Maria Firmina dos Reis foi uma mulher negra, a quem chamariam “parda” na atualidade, ou “mulata”, embora muitos negros nossos contemporâneos rejeitem esses termos, por considerá-los falsificantes, ou pejorativos. Todos concordarão que era uma afro-brasileira. (...)

Diferentemente do que afirma no prólogo de Úrsula, é bastante notório que possuía amplo cabedal de literatura e cultura geral, muito afeito ao referencial europeu em termos humanísticos, como era normal naquele tempo embora os escritores quisessem criar uma verdadeira literatura brasileira, e tivessem disto uma consciência bastante aguçada. (VIANNA, 2017, v)

Com parcos subsídios financeiros, Maria Firmino dos Reis consegue uma grande variedade de publicações, numa época onde reinava o patriarcalismo e o preconceito com o negro. A seguir são elencados alguns de seus trabalhos, segundo Mendes (2007):

  • 1859 – Romance “Úrsula”.
  • 1861/1862 – Romance “Gupeva”, Poemas em “Parnaso Maranhense” e “O jardim dos Maranhenses”
  • 1863 – Porto Livre e Eco da Juventude
  • 1871 – Poesias “Cantos à beira-mar”.
  • 1887 – Conto “A escrava” editado pela Revista Maranhense n° 3.
  • 1888 – Hino da libertação dos escravos.
  • Inúmeros poemas escritos nos seguintes veículos da imprensa: A Imprensa, Publicador Maranhense; A Verdadeira Marmota; Almanaque de Lembranças Brasileiras; Eco da Juventude; Semanário Maranhense; O Jardim dos Maranhenses; Porto Livre; O Domingo; O País; A Revista Maranhense; Diário do Maranhão; Pacotilha; Federalista.
  • Várias composições musicais como: Auto de bumba-meu-boi (letra e música); Valsa (letra de Gonçalves Dias e música de Maria Firmina dos Reis); Hino à Mocidade (letra e música); Hino à liberdade dos escravos (letra e música); Rosinha, valsa (letra e música); Pastor estrela do oriente (letra e música); Canto de recordação (“à Praia de Cumã”; letra e música).
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Em 14 de março de 1914 nasceu Carolina Maria de Jesus, na cidade de Sacramento em Minas Gerais, onde passou sua infância e adolescência. É provável, segundo Palmares (2015), que os pais de Carolina tenham migrado do Desemboque para Sacramento devido a mudança da economia da extração de ouro para as atividades agropecuárias. (PALMARES, 2015)

Estudou em um colégio espírita por mais de dois anos, período este que formou a sua base de leitura e escrita. Apesar de ter abandonado os estudos possuía uma paixão pela leitura e uma fome de escrever. Em 1947 se muda para São Paulo e vai morar na favela do Canindé, onde trabalha como catadora de recicláveis, possuindo como passatempo a coleta, leitura e guarda de revistas e cadernos encontrados no lixo. Um dia encontra uma caderneta na qual começa a registrar seu cotidiano na favela, o seu primeiro diário.

(...) mesmo diante todas as mazelas, perdas e discriminações que sofreu em Sacramento por ser negra e pobre, Carolina revela, através de sua escritura, a importância do testemunho como meio de denúncia sócio-política de uma cultura hegemônica que exclui aqueles que lhe são alteridade. (MAGNABOSCO, 1999)

Em 1960 o jornalista Audálio Dantas lança, a partir dos diários de Carolina Maria de Jesus, a obra “Quarto de Despejo – Diário de uma favelada”, com uma tiragem inicial de dez mil exemplares, os quais se esgotaram na primeira semana. Esse livro foi traduzido em 13 idiomas e vendido em mais de 40 países.

Essa literatura documentária, pela narrativa feminina, em contestação, tal como foi conhecida e nomeada pelo jornalismo de denúncia dos anos 50-60, é considerada uma obra atual, pois a temática dá conta de problemas existentes até hoje nas grandes cidades. (PALMARES, 2015)

Carolina teve três filhos e apesar de todas as dificuldades conseguiu uma vasta produção, “mais de 5 mil páginas, encontram-se 7 romances, 60 textos curtos, 100 poemas, 4 peças de teatro e 12 letras para marchas de carnaval”. (PALMARES, 2015)

A seguir alguns excertos de sua obra mais famosa “O Quarto do Despejo”, na qual é possível denotar a profunda observação de Carolina e os paradoxos encontrados pela desigualdade socioeconômica encontrada no seu cotidiano:

(…) em 1948, quando começaram a demolir as casas térreas para construir os edifícios, nós, os pobres que residíamos nas habitações coletivas, fomos despejados e ficamos residindo debaixo das pontes. É por isso que eu denomino que a favela é o quarto de despejo de uma cidade. Nós, os pobres, somos os trastes velhos.

(...) Os meus filhos estão defendendo-me. Vocês são incultas, não pode compreender. Vou escrever um livro referente a favela. Hei de citar tudo que aqui se passa. E tudo que vocês me fazem. Eu quero escrever o livro, e vocês com estas cenas desagradáveis me fornece os argumentos.

(...) O assassinato de Kennedy é descendente de Herodes e neto de Caim. Kennedy era o sol dos Estados Unidos. O sol que se apagou. Um homem que era digno de viver séculos e séculos.

(...) Antigamente o que oprimia o homem era a palavra calvário; hoje é salário.

(...) O maior espetáculo do pobre da atualidade é comer.

(...) Eu sou negra, a fome é amarela e dói muito.

(...) A favela é o deposito dos incultos que não sabem contar nem o dinheiro da esmola.

(...) Quem inventou a fome são os que comem.

(...) Quem não tem amigo, mas tem um livro, tem uma estrada.

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Laura Santos (1919-1981) além de ser uma mulher negra nascida no início do século XX, é também a única poetisa curitibana dos anos 1950. Desde cedo demonstra seu dom para a escrita, aos 13 anos escreve seu primeiro soneto “Aspiração”, em 1937 ganha um concurso literário com a obra “História da Evolução da Aviação” e em 1953 é premiada pela Academia José de Alencar, da qual foi sócia fundadora e ocupante da cadeira Júlia da Costa, segundo o Instituto Cultural Arte Brasil (2015), com a obra “Sangue Tropical”.

(...) cursou enfermagem, porque queria participar da 2° Guerra Mundial como enfermeira da Cruz Vermelha, sonho que não conseguiu realizar. Depois acabou trabalhando como educadora sanitária, cuja função era orientar a população sobre hábitos de higiene — exerceu este ofício até a aposentadoria. (ROCHA, 2016)

Laura Santos conquistou o seu espaço na Academia demonstrando competência, sobriedade e principalmente, uma integridade impecável, tornando-a modelo de altivez e respeito pela mulher negra.

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Graduada em Letras Vernáculas com estrangeira Licenciatura pela Universidade Federal da Bahia (1978), graduação em Letras Vernáculas Bacharelado pela Universidade Federal da Bahia (1979), mestrado em Letras pela Universidade Federal da Paraíba (1985), concluiu o doutorado em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais (2000). A professora Florentina Souza direciona seus estudos para afrodescendência, identidade cultural, literatura afro-brasileira, literatura brasileira e cultura brasileira, estudos étnicos.

Florentina encontrou grandes dificuldades e obstáculos na academia motivadas pelo preconceito e pela resistência em validar o professor(a) negro(a) na ocupação de um espaço que sempre foi destinado ao branco, sendo obstruída na inserção de autores negros em seu campo de estudo, motivando-a a “dar voz ao negro como sujeito da história. Subvertendo assim, a hegemonia identitária da cultura branca tida como referência.” (RODRIGUES, 2011)

Esta condição imposta pela cultura eurocêntrica desde o início da escravatura no Brasil, ainda vigora no universo acadêmico. É o que nos mostra Rodrigues, segundo as estatísticas contidas em sua pesquisa:

É o que ressalta os estudos realizados por Cunha Jr. (2003), os quais examinam os históricos de cerca de dois mil mestres e doutores negros existentes no país, revela que a faixa etária das candidaturas e os regimes de trabalho estão fora dos perfis privilegiados pelas políticas e pelos programas de pós-graduação. Indicando que os negros sofrem discriminação dentro da academia, principalmente por não terem orientadores que se disponham a orientar suas temáticas e por não existir, na grande maioria das Universidades, linhas de pesquisas que abordem a questão étnico-racial. (RODRIGUES, 2011, p. 101)

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Graduada em Letras Clássicas pela Universidade Federal de Minas Gerais (1962), mestre em Literatura Brasileira pela Universidade Federal de Minas Gerais (1980) e doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal de Minas Gerais (1993), com especialização e estágio sanduíche na Université Sorbonne Nouvelle, em Paris, França, nos anos de 1983 e 1992. Atualmente se dedica aos estudos das literaturas africanas de língua francesa desde a desde a década de 1980, e, a partir de 1990 começou a trabalhar com as literaturas africanas de língua portuguesa. Coautora de vários livros, Maria Nazareh, afirma que:

(...) há entre essas literaturas francófonas e lusófonas semelhanças que se mostram em textos que se voltam para a busca de identidade do povo, para a disseminação da cultura oral. A questão da identidade nacional, da nacionalidade e da preservação das matrizes ancestrais são traços comuns nessas duas vertentes. (CARVALHO, 2003)

Também se dedica a pensar sobre qual o lugar do negro no Brasil, a partir das representações do negro que circulam em textos produzidos desde o final do século XVIII, que tratam das questões relativas à nação e à identidade nacional, até estudos contemporâneos, como os de Florestan Fernandes e Lilia Schwarcz. Para ela, o que ocorre na maior parte deles é uma negação da cidadania, que retrata qual é o papel da questão da cor e da raça no imaginário da nação. Segundo a autora, a visão que as elites brasileiras têm sobre o negro é estigmatizante, negando-lhe qualidades e reforçando o processo de exclusão social pelo fator racial. (CARVALHO, 2003)

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Nascida em Paracatu, Benedita Gouvêia Damasceno, ex-empregada doméstica, saiu de sua terra natal, em 1972, para cursar Letras na Universidade de Brasília (UnB), uma das mais conceituadas do Brasil. Em 1976 foi admitida como Oficial de Chancelaria do Serviço Exterior no Ministério das Relações Exteriores, após ser aprovada em um concurso público. (REAL, 2013)

Seu livro, Poesia Negra no Modernismo Brasileiro, reflete sobre a poética da literatura negra na França, sobre a influência da cultura branca que dominou até o final do século XIX no Brasil e analisa o momento de ruptura que se deu com o advento do modernismo. Além disso, o livro aborda a caracterização da criação literária negra brasileira a partir da própria poesia de autores negros produzida no país, especialmente depois da segunda década do século XX. Segundo a autora, as características da poesia negra brasileira moderna são:

a) a procura e/ou afirmação da identidade negra; b) a ausência de um código de cor básico e obrigatório; c) o uso de temas da vida e da população negra resultante de vivências próprias ou de estudos e observações conscientes; d) a reprodução de ritmos negros; e) a introdução na poesia de termos e palavras do vocabulário afro-brasileiro; f) a transformação e a reabilitação semântica da linguagem. (DAMASCENO 1988, p. 69)

A autora defende que a cor é o fator preponderante que distingue as diferenças entre a poesia negra escrita por negros e a escrita por brancos, e que “a característica fundamental da poesia negra brasileira é a procura e/ou afirmação da identidade negra” (pp. 64-65)

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Rosália Diogo é professora, pesquisadora, ativista negra e autora dos livros: Mídia e Racismo e Rasuras no Espelho de Narciso. Em seus estudos, a autora busca uma junção entre a educação e a mídia através da formação de grupos focais de educadoras negras da Rede Municipal de Ensino, cujo objetivo, é o de investigar como se dá a recepção de professoras negras em relação à presença negra tal como é mostrada pela mídia atual. Na maioria das vezes, a presença negra é mostrada em suas variantes folclorizadas, caricaturizadas, e portanto, estereotipadas. Diogo aponta como exemplo, a mulher negra que não raro aparece como empregada doméstica, faxineira, ou em cargos de pouca relevância social. (DIOGO, 2012)

Rosália Diogo questiona esse quadro social como sendo produto de uma escolha ideológica fundada no racismo e alimentada até hoje pelo imaginário da elite brasileira. Diogo discorre sobre os conceitos estéticos europeizados e legitimados por essa mesma elite, nos quais, o negro não se insere enquanto modelo ideal de representação social brasileira. A autora ainda aborda outras questões, tais como a inferioridade racial que segundo ela, apesar das comprovações contrárias, ainda hoje permeiam as discussões científicas. (PROGRAMA RETRATOS, 2013)

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Bacharel em Interpretação (UnB), licenciada em Educação Artística (UCB), Especialista em Docência Superior, (UGF). Em 2012 lançou seus livros em Congresso de Escritores no Equador. Escritora com várias publicações em prosa e poesia. Atriz de teatro, cinema e Tv. Últimos espetáculos de Teatro: “Não vou mais lavar os pratos” e “Recordar é Preciso”. Escritora, poeta, atriz e professora de teatro, Cristiane Sobral nasceu no Rio de Janeiro em 1974 e hoje mora em Brasília. (LITERAFRO, 2013)

A questão racial é uma constante no trabalho de Cristiane Sobral, que vê os movimentos negros de forma positiva, e acredita que a cultura negra trouxe imensa contribuição ao país em todos os níveis. Divulga a crença de que a questão racial é uma questão nacional e como tal dever ser discutida por todos que pensam e sonham com um Brasil melhor. Cristiane Sobral tem publicado nos Cadernos Negros, desde 2002. O seu primeiro livro, que leva o título de um de seus poemas: “Não vou mais lavar os pratos”, reúne 123 poemas. Sua temática marcadamente associada ao cotidiano orbita em torno de temas como maternidade, memórias de infância, África ancestral, relações familiares, e sobre a condição da mulher negra no Brasil.

Não vou mais lavar os pratos
Não vou mais lavar os pratos
Não vou mais lavar os pratos.
Nem limpar a poeira dos móveis.
Sinto muito.
Comecei a ler.
Abri outro dia um livro e uma semana depois decidi.
Não levo mais o lixo para a lixeira.
Nem arrumo mais a bagunça das folhas no quintal.
Sinto muito.
Depois de ler percebi a estética dos pratos, a estética dos traços, a ética, a estática.
Olho minhas mãos bem mais macias que antes e sinto que posso começar a ser a todo instante.
Sinto.
Agora sinto qualquer coisa.
Não vou mais lavar os tapetes.
Tenho os olhos rasos d'água.
Sinto muito. Agora que comecei a ler quero entender o por quê, por que e o por quê.
Existem coisas. Eu li,e li, e li... Eu até sorri e deixei o feijão queimar.
E olha que feijão sempre demora para ficar pronto...Considere que os tempos agora são outros...Ah, esqueci de dizer: não vou mais.
Resolvi ficar um tempo comigo.
Resolvi ler sobre o que se passa conosco.
Você nem me espere,você nem me chame.
Não vou.
De tudo o que jamais li, de tudo o que entendi,você foi o que passou.
Passou do limite, passou da medida, passou do alfabeto.
Desalfabetizou.
Não vou mais lavar as coisas e encobrir as sujeiras inteiras, nem limpar a poeira e espalhar o pó daqui para ali e de lá para cá.
Desinfetarei minhas mãos.
Depois de tantos anos alfabetizada, aprendi a ler.
Sendo assim não lavo mais nada e olho a poeira no fundo do copo.
Vejo que sempre chega o momento de sacudir, de investir, de traduzir.
Não lavo mais os pratos.
Li a assinatura de minha lei áurea.
Escrita em negro maiúsculo, em letras tamanho 18, espaço duplo.
Aboli.
Não lavo mais os pratos.
Quero travessas de prata, cozinha de luxo e jóias de ouro.
Legítimas.
Está decretada a Lei Áurea.

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Filha de Francisco Caetano da Conceição e Juvelina Pereira da Conceição, Sônia Fátima da Conceição nasceu em Araraquara, São Paulo, no ano de 1951. É formada em Ciências Sociais pela Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara. Iniciou sua carreira literária a partir da publicação de contos e poemas nos Cadernos Negros. Além de enfocar o preconceito racial, aborda questões de gênero e destaca a condição feminina no universo marcado pela discriminação. Nas palavras da escritora:

Mais uma vez tento, a partir daquilo que escrevo, questionar a relação da mulher com esta sociedade, onde é desenvolvida toda uma trama no sentido de firmar a situação de inferioridade, apesar de seu papel dominante para a perpetuação da espécie. (In: Cadernos Negros 10-Contos, p. 139). (LITERAFRO, 2013)
Para nós negros, oprimidos e completamente destituídos de valores dentro de uma sociedade racista, que sufocou e ainda sufoca de maneira antihumana o nosso “eu mais profundo”, não devemos nos limitar a relatar fatos ou ficar questionando de forma reacionária a situação vigente, mas sim buscarmos formas de, entre os nossos, nos encontrarmos e daí partirmos para uma literatura que vise a transformação social, senão ela para os nossos não terá razão de ser. (In; Reflexões sobre a literatura afrobrasileira, p. 88). (LITERAFRO, 2013)

A escritora teve seus contos incluídos também na antologia Women Righting: afrobrazilian women’s (short fiction). O livro foi organizado por Míriam Alves e Maria Helena Lima, editado pela Mango Publishing, em Londres UK. Em 1991, Sônia publica sua novela Marcas Sonhos e Raízes através do projeto “Livro do Autor”, iniciado em 1984 pelo Quilombhjoje. A novela traz, entre outros assuntos, o clima das organizações negras, mostrando através da ficção problemas reais das dificuldades e conflitos na luta contra a discriminação. (LITERAFRO, 2013)

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Miriam Aparecida Alves nasceu em São Paulo em 1952. É assistente social e professora. Começou a escrever aos onze anos, conforme relatou para a revista Callaloo, mas só conseguiu publicar seus textos anos mais tarde, após conhecer os poetas do grupo Quilombhoje Literatura, do qual tornou-se integrante durante o período entre 1980 e 1989. Seu primeiro livro, Momentos de busca (1983) é resultado desse longo trajeto de poemas escritos desde a adolescência e o ponto inaugural da carreira como escritora. (LITERAFRO, 2013)

a) Obra individual
- Momentos de busca. São Paulo: Edição da autora, 1983. (Poemas)
- Estrelas no dedo. São Paulo: Edição da autora, 1985. (Poemas)
- Mulher mat(r)iz. Belo Horizonte: Nandyala, 2011.

b) Co-autoria / Antologias
- Terramara. São Paulo: Ed. Dos Autores, 1988. (Texta teatral, co-autoria Arnaldo Xavier e Cuti)
- Cadernos Negros. Nº 5, 7-13, 17-20, 24, 25, 26, 29, 30, 31. São Paulo: Quilombhoje, 1982-2008.
- Cadernos Negros: os melhores poemas. São Paulo: Quilombhoje; Fundo Nacional da Cultura, Ministério da Cultura, 1998. 103-106.
- Cadernos Negros: os melhores contos. São Paulo: Quilombhoje; Fundo Nacional da Cultura, Ministério da Cultura, 1998. 129-133.
- Axé -antologia da poesia negra contemporânea. Org. Paulo Colina. São Paulo: Global Ed., 1982.
- Mulheres entre linhas -II concurso de poesia e conto (revelação de novos valores femininos no Estado de São Paulo). São Paulo: Secretaria de Estado da Cultura; Conselho da Condição Feminina, 1986.
- Pequena Antologia Temática. In: CAMARGO, Oswald de. O negro escrito: apontamentos sobre a presença do negro na literatura brasileira. São Paulo: Secretaria do Estado e da Cultura, 1987.
- A razão da chama -antologia de poetas negros brasileiros. Org. Oswaldo de Camargo. São Paulo: Edições GRD, 1986.
- 1979-1988-10 Anos de luta contra o racismo. São Paulo: Confraria do Livro, 1988.
- Schwarze poesie -Poesia negra. Org. Moema Parente Augel. St Gallen/Köln/São Paulo: Edition diá, 1988. (edição bilingüe alemão português).
- Poesia negra brasileira: antologia. Org. Zilá Bernd. Porto Alegre: AGE; IEL; IGEL,1992.
- Ad libitum Sammlung Zerxtreuung, nr 17, Berlin; Volk und welt (poemas). Antologia, 1992.
- Schwarse prosa/Prosa negra. Org. Moema Parente Augel. Berlim/São Paulo: Edition diá, 1993.
- Zauber gegen die ka"lte, (Herausgegeben Von Deustcheb Welthugerhife) Bonndortmund germany, dw shop. Antologia, 1994.
- Contra Lamúria. São Paulo: Casa Pindahyba, 1994.
- Finally us / Enfim nós: contemporary Black Brazilian woman writers. (org. Miriam Alves e Carolyn R. Durham).Edição bilingue português/inglês. Colorado: Continent Press, 1995.
- Moving beyond boundaries. (org. Carole Boyce Davies). London: Pluto Press, 1995. 116-23.
- Nueva poesia latinamerikaniche, Literatumagazin, (Herausgegeben von Tobias burgghardt, Martin Lüdke und Delf (schnidt) Gemany Rowoht, n.38, 1996.
- Presença negra na poesia brasileira moderna. Org. Sebastião Uchoa Leite. In Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. São Paulo, n.25, p.142-43, 1997.
- Pau de sebo: coletânea de poesia negra. Org. Júlia Duboc. Brodowski: Projeto memória da cidade, 1998.
- Callallo. Baltimore, v. 23, n. 4, p.1315, 2000.
- Callaloo. Baton Rouge, v.23. n.4, p. 1315-1316, 2000. (edição bilingüe inglês português).
- Women righting/Mulheres escrevendo: Afro-Brazilian women’s short fiction. Edição, com Maria Helena Lima. Londres: Mango Publishing, 2005. (edição bilingüe inglês português).
- Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Vol. 3,
- Contemporaneidade. Organização de Eduardo de Assis Duarte. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.

c) Não-ficção
- Axé Ogum. In: Quilombhoje (Org.) Reflexões sobre a literatura afro-brasileira. São Paulo: Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado de São Paulo, 1985.
- Cem palavras. In: SEMOG, Éle. Corpo de negro rabo de brasileiro - Textos do II Encontro de Poetas e Ficcionistas Negros Brasileiros. Rio de Janeiro, 1986. p.26- 31. (apostila).
- Discurso temerário. In: ALVES, Miriam, SILVA, Luiz (Cuti), XAVIER, Arnaldo (Orgs.). Criação crioula, nu elefante branco. São Paulo: Secretaria de Estado da Cultura, 1987. p.83-86.
- Lésbica virtual – configurações de uma cibercultura. In: LYRA, Bernadette, GARCIA, Wilton (Orgs.). Corpo e cultura: ensaios. São Paulo: Xamã: 2001. p.65-72.
- Cadernos Negros 1 – o postulado de uma trajetória. In: DUARTE, Constância Lima et alii. Anais do IX Seminário Nacional Mulher & Literatura. Belo Horizonte. CD-Rom, 2001.
- Cadernos Negros 1 – o postulado de uma trajetória. In: DUARTE, Constância Lima, DUARTE, Eduardo de Assis, BEZERRA, Kátia da Costa (Org.). Gênero e representação: teoria, história e crítica. Belo Horizonte: Pós-graduação em Letras, Estudos Literários, UFMG, 2002. p.67-73.
- Empunhando bandeira: diálogo de poeta. In: SANTOS, Rick, GARCIA, Wilton (orgs.). A escrita de Adé – perspectivas teóricas dos estudos gays e lésbicos no Brasil. São Paulo: Nassau Comunity College; ABEH, Xamã, 2002. p.153-161.
- Cadernos Negros (número 1): estado de alerta no fogo cruzado. In: FIGUEIREDO, Maria do Carmo, FONSECA, Maria Nazareth Soares (Orgs.). Poéticas afrobrasileiras. Belo Horizonte: Mazza Edições; Editora PUC Minas, 2002. p.221-240.
- Negra e lésbica: a leitura do corpo. In: LYRA, Bernadette, GARCIA, Wilton (Orgs.). Corpo&Imagem. São Paulo: Ed. Arte & Ciência, 2002.
- BrasilAfro Autorrevelado: Literatura Brasileira Comtemporânea. Belo Horizonte: Editora Nandyala. 2010.

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Inaldete Pinheiro de Andrade nasceu em 1946, na cidade de Parnamirim-RN. Desde jovem participa ativamente de ações em prol da igualdade racial e do respeito às diferenças. Seus trabalhos vêm contribuindo para a constituição de uma bibliografia voltada para o ensino da História e das culturas africana e afro-brasileira, notadamente em suas manifestações pernambucanas e nordestinas. Filiada à União Brasileira de Escritores (UBE), tem em seu currículo a produção de mais de uma dezena de livros, alguns ainda inéditos. Dentre eles, destacam-se escritos voltados para crianças e jovens, sempre com foco na valorização da afrodescendência enquanto individualidade e coletividade. Publicou também um vigoroso trabalho de crítica literária, em que analisa a presença do preconceito de cor em nossa literatura infanto-juvenil. Suas ações em prol do fortalecimento da cultura afro-brasileira são significativas e incluem intervenções no campo educacional, através de programas de capacitação que realiza em escolas do Recife e de outros municípios do Estado. (LITERAFRO, 2013)

A abolição – Há abolição?

A escravização dos povos africanos foi a tática mais deprimente de inferiorização de uma coletividade. Tudo fizeram para retirar-lhe a humanidade, salvo o momento que valiam moeda. No mercado de troca e venda, os anúncios de jornais exibiam tributos à beleza física, à disposição para o trabalho, aos hábitos sadios; alcançado o objetivo de lucro retomavam à desgraça da desumanização, objetos descartáveis e entraram para a história oficial vinculados à única condição de escravos, como uma condição natural, inata, nada mais do que escravo. Foi esta história que a minha geração conheceu.
(...) Edições Paulinas que têm um compromisso com a história e tentam diminuir as mentiras sustentadas há tantos anos, por todos os meios, cujo fim é garantir o lugar dos quais se acham no direito de comandar o destino de outros, criando um problema racial habilmente camuflado. O problema existe e não foi criado pela população negra, é bom reforçar. (In: Racismo e antirracismo na literatura infanto-juvenil, p. 19-22) (LITERAFRO, 2013)

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“Nosso papel é resgatar com criatividade o vasto patrimônio afro. A cultura negra é muito mais do que capoeira e cuscuz”. Lia Vieira nasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 1958, onde ainda reside até hoje. É graduada em Economia, Turismo e Letras e doutoranda em Educação pela Universidade de La Habana (Cuba)/Universidade Estácio de Sá (RJ). É pesquisadora, artista plástica, dirigente da Associação de Pesquisa da Cultura Afrobrasileira e militante do Movimento Negro e do Movimento de Mulheres. Nos últimos anos, Lia Vieira vem participando de congressos nacionais e internacionais como conferencista, onde ressalta seus pontos de vista sobre o papel dos professores, agentes multiplicadores de um ensino transformador de responsabilidade, segundo a escritora, e sobre o ensino da cultura afro-brasileira. (LITERAFRO, 2013)

“É preciso ter um olhar diferenciado sobre o aluno negro, em vez de rotulá-lo”, nos lembra a pesquisadora. Segundo ela, os preconceitos são passados na sala de aula, e reproduzidos na mídia e na sociedade. Destacamos, ainda, dentre os diversos prêmios que a Lia Vieira vem recebendo, o de menção honrosa dado pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, em 2003, pela grande contribuição que vem dando ao longo de sua vida em prol da luta contra a discriminação racial, na defesa da religião e na divulgação da cultura afrobrasileira. (LITERAFRO, 2013)

a) Obra individual
- Eu, mulher – mural de poesias. Niterói/Rio de Janeiro: Edição da autora, 1990.
- Chica da Silva – a mulher que inventou o mar. Rio de Janeiro: produtor Editorial Independente, 2001.
- Só as mulheres sangram. Belo Horizonte: Nandyala, 2011.

b) Antologias
- Reflexos – coletânea de novos escritores. Rio de Janeiro: Editora Copy & Arte, 1990. Mural Ane nº2. Niterói: Associação NIteorense de Escritores, 1990.
- Vozes mulheres – mural de poesias. Niterói: Edição coletiva, 1991.
- Cadernos Negros, volume 14. São Paulo: Edição dos Autores. Quilombhoje. 1991.
- Cadernos Negros, volume 15. São Paulo: Edição dos Autores. Quilombhoje.1992.
- Cadernos Negros, volume 16. São Paulo: Edição dos Autores. Quilombhoje. 1993.
- Mulher negra faz poesia. Rio de Janeiro: CEAP, 1993.
- Água escondida. Niterói, 1994.
- Cadernos Negros, volume 18. São Paulo: Edição dos Autores. Quilombhoje. 1995.
- Moving beyond boundaries. International Dimension of Black Women’s Writing (edited by Carole Boyce Davies and ‘Molara Ogundipe-Leslie). London: Pluto Press, 1995.
- Cadernos Negros, volume 19. São Paulo: Editora Anita. Quilombhoje. 1996.
- Cadernos Negros, volume 20. São Paulo: Edição dos Autores. Quilombhoje, 1997.
- Cadernos Negros, os melhores poemas. São Paulo: Quilombhoje, 1998.
- Cadernos negros. Os melhores contos. São Paulo: Quilombhoje, 1998.
- Cadernos Negros, volume 22. São Paulo: Edição dos Autores/Quilombhoje. 1999.
- Cadernos Negros, volume 24. São Paulo: Edição dos Autores/Quilombhoje, 2001.
- Cadernos Negros, volume 26. (Orgs. Esmeralda Ribeiro e Márcio Barbosa). São Paulo: Quilombhoje. 2003.
- Cadernos Negros, volume 28. (Orgs. Esmeralda Ribeiro e Márcio Barbosa). São Paulo: Quilombhoje. 2005.
- Cadernos Negros: três décadas. (Org. Esmeralda Ribeiro e Márcio Barbosa). São Paulo: Quilombhoje / SEPPIR, 2008.
- Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Vol. 3, Contemporaneidade. Organização de Eduardo de Assis Duarte. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.

c) Não-Ficção
- Revista Presença da Mulher, edição comemorativa dos 5 anos, 1991.
- Jornal Fanzine Ecos Urbanos - 1992
- Educação e Identidade. In Cadernos África na escola. Brasília: Gabinete do Senador Abdias do Nascimento, s/d.
- A questão racial e a Educação. In Encuentro por la Unidad de los Educadores Latinoamericanos. Habana/Cuba, 1997.
- Escritoras negras e literatura infantil – o encontro possível. In Winds of Change – The trasnforming Voices of Women. Flórida International University, Miami, 1996.
- Escritoras negras e literatura infantil – o encontro possível. In Congresso Internacional Cidade e Educação na Cultura pela paz. Riocentro, Rio de Janeiro/Brasil, 1996.